quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Parábola do Céu e Inferno




 ''Um Samurai grande e forte, de índole violenta, foi procurar um pequenino monge.
- Monge - disse, numa voz acostumada à obediência imediata - Ensina-me sobre o céu e o inferno!

O monge miudinho olhou para o terrível guerreiro e respondeu com o mais absoluto desprezo:
- Ensinar a você sobre o céu e o inferno? Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo. Seu fedor é insuportável. A lâmina da sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha, uma humilhação para a classe dos samurais. Suma da minha vista! Não consigo suportar sua presença execrável. 

O samurai enfureceu-se. Estremecendo de ódio, o sangue subiu-lhe ao rosto e ele mal conseguiu balbuciar palavra alguma de tanta raiva. Empunhou a espada, ergueu-a sobre a cabeça e se preparou para decapitar o monge.
- Isto é o inferno - disse o monge mansamente.

O samurai ficou pasmo. A compaixão e absoluta dedicação daquele pequeno homem, oferecendo a própria vida para ensinar-lhe sobre o inferno! O guerreiro foi lentamente abaixando a espada, cheio de gratidão, subitamente pacificado.
- Isso é o céu - completou o monge, com serenidade.''


Um comentário:

  1. Muito interessante a metologia do monge, fazendo com que o Samurai olhasse dentro de si para ter noção do que é céu e inferno. O inferno e o céu estão dentro de cada um, como o profano e o divino, o mal e o bem. Nossa origem contém o princípio das Duas Forças responsáveis por todo esse romance astral onde nós, criaturas, somos os protagonistas do desenrolar e do desfecho desta estória. Em linhas gerais, a parábola mostra como o autoconhecimento gera esse encontro com a gente mesmo e dessa forma é que nós conhecemos a atuação das forças, percebemos a grandeza de cada uma e sua função nos planos do Grande Arquiteto.

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