sábado, 3 de novembro de 2012

Os Números - Intro




 Tudo aquilo que a natureza dispôs sistematicamente no Universo parece, tanto em suas partes como no conjunto, ter sido determinado e harmonizado pelo número, pela previsão e pelo pensamento Daquele que criou todas as coisas”. - Nicômano de Gerasasua

1 - O aspecto duplo dos números

Primeiramente, o que eu quero trazendo esse tipo de assunto aqui?
Nada mais que iniciar uma série de textos nos quais pretendo expor características e qualidades inerentes a cada numeral, ou seja, são assuntos que diferem do ponto de vista ordinário em que eles são utilizados normalmente no dia-a-dia, como para o básico processo de contagem. 

De onde vêm os números? Eles só existem realmente para homens quantificarem os objetos e resolverem seus problemas?

Na sociedade moderna os números são visto por boa parte das pessoas como abstrações, meros instrumentos de cálculo, medida, organização, etc. Economia, Engenharia, Química, Física...diversos setores das atividades intelectuais humanas lidam com os números somente em seus aspectos práticos e relacionados à vida cotidiana, isso é inegável, a ciência e a tecnologia estão imersas nas funcionalidades dos números, mas o que há mais para se saber sobre eles?

Evidentemente, pelo ponto de vista que quero abordar aqui, o uso dos números ultrapassa em muito o simples ato de contar coisas ou solucionar problemas lógicos, apesar dos estudos numerológicos serem tão antigos quanto o próprio homem, percebemos que boa parte dos conhecimentos da matemática e da geometria que temos hoje foi um legado e uma RE-compilação feita pela Escola Pitagórica (como por exemplo, o famoso Teorema de Pitágoras), porém no ensino educacional não é ensinado a respeito do grande místico e ocultista que foi Pitágoras, e que na sua época ele chegou a ser visto mais como um filósofo e mago do que como um matemático.

Hoje em dia a matemática se aprofunda cada vez mais nas possibilidades operacionais dos números(que são infinitas), nesse mundo materialista o entendimento a respeito da essência e a real natureza dos números escapa do entendimento de muitos devido à sua sutileza. Sendo assim, é ensinado que os números podem ser estudados em suas duas naturezas, tanto em seus aspectos quantitativos(exotéricos) quando nos aspectos qualitativos(esotéricos).


‘’Tudo é número’’. – este era o lema da escola de Pitágoras

Na Escola Pitagórica eram estudados os números tanto em seu aspecto quantitativo quanto no qualitativo, ou seja, tanto no aspecto comum e exotérico(também ensinado nos institutos educacionais de hoje) quanto no aspecto transcendente e esotérico, ou seja, o lado ‘’oculto’’ e metafísico dos números, que é o que interessa aqui.

Pitágoras certamente foi um ser de grande profundidade intelectual, e mesmo que a transmissão de seus ensinos tenha sido somente oral, herdamos parte ensinamentos dele pelos escritos de seus discípulos, como Aristóteles e Platão.

O que Pitágoras ensinava era a Matemática Sagrada, é dito que ele chamava seus discípulos de matemáticos por conta de seus aprendizados iniciarem pela doutrina dos números, nesse entendimento os números não eram considerados abstrações, mas sim a virtude de Deus, essa matemática lidava com o estudo dos números como a fonte da harmonia universal, forças vivas e faculdades divinas em ação no mundo, no homem e no universo, dizia ele: ‘’Pelos números Deus se mostra, e mostra o encadeamento das ciências da natureza”, os números, portanto, estão presentes em TUDO na natureza, “Tudo é número’’, pois eles são a base de tudo que é manifestado, e por isso é dito também que para crear*, Deus ‘’geometrizou’’, seguindo esse raciocínio, revela-se porque é possível entender a natureza e os mistérios do universo pelos números.




2- A origem dos números

’Tudo que sobe converge’’. – Teilhard de Chardim

Alguns afirmam que os números surgiram quando o homem teve a necessidade de contar, mas segundo o ponto de vista aqui estudado é aceitável dizer que os números surgiram assim que houve a possibilidade de haver contagem dentro do tempo e espaço, e esse foi exatamente o momento da expansão e constituição do universo e suas diversidades.
Como os ensinamentos antigos mostram no inicio tudo era Unidade, assim como todos os demais números, todo o universo veio do UM (o ponto de onde emanou tudo), o próprio nome ‘’universo’’ leva a crer nisso, Uni e Verso, ’’unidade manifestada na diversidade’’. 

Praticamente todos os mitos da criação do universo, todas as cosmogonias antigas explicam a criação do universo a partir de um ponto singular de onde se projetou tudo, seja qual for seu nome em determinada cultura e época, essa característica da unidade primordial é sempre encontrada. 

Percebe-se que esse raciocínio é de certa forma semelhante ao da teoria do Big-bang, ou seja, tudo que existe, toda a diversidade de coisas e formas de consciência ‘’brotaram’’ do ponto UM, que, ao explodir formou todas as multiplicidades que compõe o universo.


‘’ A Realidade é Una, que se revela sempre como dualidade, como causa e efeito,  como Uno e Verso,  como Ser e Existir.  E dessa bipolaridade complementar nascem todas as pluralidades - assim como da Luz Incolor nascem todas as cores.’’ – Humberto Rohden


Certamente a Unidade é um assunto que merece ser melhor explorado em posts futuros, porém antes vale a pena se demorar um pouco sobre esse assunto já agora, pois é exatamente a condição de desdobramento da Unidade que originou todas as coisas existentes, todas as formas possíveis(geometria), os números e assim possibilidade de contagem.

Existe uma teoria física que propõe a existência da unidade do universo, e que por isso, deve haver um código oculto da natureza que seria a ordem e a explicação de tudo, a teoria final, muitos físicos famosos passaram a vida inteira ou boa parte dela em busca de desvelar esse mistério, entre eles Kepler, Newton, Faraday, Einstein, Heisenberg e Schrodinger, certamente eles não chegaram ao resultado pretendido, mas durante a busca é certo que ele se maravilharam com as descobertas do Caminho.


“Eu creio em Deus... que se revela na harmonia ordenada do Universo. Eu creio que a inteligencia está manifestada em toda a natureza. A base do trabalho cientifico é a convicção de que o mundo é uma entidade ordenada e compreensível e não ‘’uma coisa ao acaso’’”. - Albert Einstein

A origem do universo e dos números coincidem e se confundem, pois ambos são frutos de descontinuidades e fragmentações do Um primordial, assim essa unidade pode ser entendida como Deus manifestado, pois é a fonte de tudo na criação, e dessa forma revela-se o entendimento de que, materialmente, os números podem ser entendidos como uma multiplicação do Um, mas por outro lado, metafisicamente, eles são considerados uma divisão do Um,  sendo portanto, todas as multiplicidades apenas partes limitadas de um Todo, sendo derivadas do Um primordial elas são apenas desdobramentos, fragmentações, e isso explica porque muitas doutrinas afirmam que o Todo está contido no Um, assim como o Um está contido no Todo.

O movimento da unidade à multiplicidade revela o dinamismo de todo processo de criação e desenvolvimento, partindo de uma unidade simples as células se dividem e formam organismos complexos, assim como também a menor das sementes germina para se tornar uma grande árvore, isso se aplica a tudo mais que se movimenta e está em mutação, ou seja, tudo no Universo, desde seu corpo até as estrelas das galáxias mais distantes. O movimento gera dimensões novas, assim como os números brotam da Unidade como uma cadeia viva, dinâmica e mutável.

‘’Tudo existe exclusivamente pelo movimento e pelo número; o movimento é, de qualquer forma, o número atuando’’. Balzac

Sendo que os números são desdobramentos do Um, foi exatamente essa ‘condição de unidade’ que possibilitou a posterior manifestação dos números, este foi o ‘’momento’’ em que a condição de Uno contínuo, pleno e ilimitado deu origem a um universo descontinuo, limitado, fracionado e múltiplo, levando em conta isso podemos admitir que os números não só são elementos presentes no universo, mas fazem parte da estrutura essencial do próprio Universo, a matriz dele, pois ele é fruto da descontinuidade e setorização do UM (ou ponto do big-bang), que é a face mais alta de Deus na Existência.

Do ponto de vista espiritual, a multiplicidade é involução, quanto maior o número, mais longe da Unidade e assim, portanto...mais materializado e fragmentado. Daí surge mais clareza a respeito do porquê que os antigos diziam que a Natureza e seus seres são Deus manifestado de forma fragmentada, e assim como os antigos orientais ensinavam: a multiplicidade é uma Ilusão da Mente, a multiplicidade de egos é a causa dos sofrimentos dos homens que pensam serem separados entre si e do Universo, o caminho para a libertação do mundo material é a percepção de que tudo é Um, esse é o movimento de reintegração à Consciência Cósmica, esse duplo movimento de Criação(multiplicidade) e Reintegração(Volta à Unidade) é a imagem de todos os fenômenos do Universo, é o ritmo de expansão e contração presente em tudo, é o Big-bang e o Big-crush, é a expiração e a inspiração de Brahma, é a Queda do espírito e a volta do mesmo à sua origem.


‘’ A creação teve origem na Perfeição e se direcionou para a imperfeição, originou-se do perfeito e direcionou-se para o imperfeito. Nasceu do Uno, da unicidade tomou o ruma da multiplicidade.
Erroneamente acredita-se que o universo é algo em construção quando na verdade é
algo em destruição, é o desmoronamento da unicidade, a fragmentação do Uno. Trata-se do Um, da Unidade Perfeita fragmentando-se, dividindo-se, desunificando-se.’’ – José Laércio do Egito 

*nesse caso usa-se propositalmente a palavra crear ao invés de criar.

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