“Tudo aquilo que a
natureza dispôs sistematicamente no Universo parece, tanto em suas partes como
no conjunto, ter sido determinado e harmonizado pelo número, pela previsão e
pelo pensamento Daquele que criou todas as coisas”. - Nicômano de Gerasasua
1 - O aspecto duplo dos números
Primeiramente, o que eu quero trazendo esse tipo de assunto aqui?
Nada mais que iniciar uma série de textos nos quais pretendo expor
características e qualidades inerentes a cada numeral, ou seja, são assuntos
que diferem do ponto de vista ordinário em que eles são utilizados normalmente
no dia-a-dia, como para o básico processo de contagem.
De onde vêm os números? Eles só existem realmente para homens quantificarem
os objetos e resolverem seus problemas?
Na sociedade moderna os números são visto por boa parte das pessoas como
abstrações, meros instrumentos de cálculo, medida, organização, etc. Economia,
Engenharia, Química, Física...diversos setores das atividades intelectuais
humanas lidam com os números somente em seus aspectos práticos e relacionados à
vida cotidiana, isso é inegável, a ciência e a tecnologia estão imersas nas funcionalidades
dos números, mas o que há mais para se saber sobre eles?
Evidentemente, pelo ponto de vista que quero abordar aqui, o uso dos
números ultrapassa em muito o simples ato de contar coisas ou solucionar
problemas lógicos, apesar dos estudos numerológicos serem tão antigos quanto o
próprio homem, percebemos que boa parte dos conhecimentos da matemática e da
geometria que temos hoje foi um legado e uma RE-compilação feita pela Escola
Pitagórica (como por exemplo, o famoso Teorema de Pitágoras), porém no ensino educacional não é
ensinado a respeito do grande místico e ocultista que foi Pitágoras, e que na
sua época ele chegou a ser visto mais como um filósofo e mago do que como um matemático.
Hoje em dia a matemática se aprofunda cada vez mais nas possibilidades operacionais
dos números(que são infinitas), nesse mundo materialista o entendimento a
respeito da essência e a real natureza dos números escapa do entendimento
de muitos devido à sua sutileza. Sendo assim, é ensinado que os números podem
ser estudados em suas duas naturezas, tanto em seus aspectos quantitativos(exotéricos) quando nos
aspectos qualitativos(esotéricos).
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‘’Tudo
é número’’. – este era o lema da escola de Pitágoras |
Na Escola Pitagórica eram estudados os números tanto em seu aspecto
quantitativo quanto no qualitativo, ou seja, tanto no aspecto comum e exotérico(também
ensinado nos institutos educacionais de hoje) quanto no aspecto transcendente e
esotérico, ou seja, o lado ‘’oculto’’ e metafísico dos números, que é o que
interessa aqui.
Pitágoras certamente foi um ser de grande profundidade intelectual, e
mesmo que a transmissão de seus ensinos tenha sido somente oral, herdamos parte
ensinamentos dele pelos escritos de seus discípulos, como Aristóteles e Platão.
O que Pitágoras ensinava era a Matemática Sagrada, é dito que ele
chamava seus discípulos de matemáticos por conta de seus aprendizados iniciarem
pela doutrina dos números, nesse entendimento os números não eram considerados
abstrações, mas sim a virtude de Deus, essa matemática lidava com o estudo dos
números como a fonte da harmonia
universal, forças vivas e faculdades divinas em ação no mundo, no homem e no
universo, dizia ele: ‘’Pelos números Deus se
mostra, e mostra o encadeamento das ciências da natureza”, os números, portanto, estão presentes em TUDO na natureza, “Tudo é número’’, pois eles são a base de tudo que é manifestado, e
por isso é dito também que para crear*,
Deus ‘’geometrizou’’, seguindo esse raciocínio, revela-se porque é possível entender
a natureza e os mistérios do universo pelos números.
2- A origem dos
números
’Tudo
que sobe converge’’. – Teilhard de Chardim
Alguns afirmam que os números surgiram quando o homem teve a necessidade
de contar, mas segundo o ponto de vista aqui estudado é aceitável dizer que os
números surgiram assim que houve a possibilidade de haver contagem dentro do
tempo e espaço, e esse foi exatamente o momento da expansão e constituição do
universo e suas diversidades.
Como os ensinamentos antigos mostram no inicio tudo era Unidade, assim como todos os demais
números, todo o universo veio do UM (o ponto de onde emanou tudo), o próprio
nome ‘’universo’’ leva a crer nisso, Uni e Verso, ’’unidade manifestada na diversidade’’.
Praticamente todos os mitos da criação do universo, todas as cosmogonias
antigas explicam a criação do universo a partir de um ponto singular de onde se projetou tudo, seja
qual for seu nome em determinada cultura e época, essa característica da
unidade primordial é sempre encontrada.
Percebe-se que esse raciocínio é de certa forma semelhante ao da teoria
do Big-bang, ou seja, tudo que existe, toda a diversidade de coisas e formas de
consciência ‘’brotaram’’ do ponto UM, que, ao explodir formou todas as
multiplicidades que compõe o universo.
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‘’ A Realidade é Una, que se revela sempre como
dualidade, como causa e efeito, como Uno
e Verso, como Ser e Existir. E dessa bipolaridade complementar nascem todas
as pluralidades - assim como da Luz Incolor nascem todas as cores.’’ – Humberto
Rohden
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Certamente a Unidade é um assunto que merece ser melhor explorado em
posts futuros, porém antes vale a pena se demorar um pouco sobre esse assunto
já agora, pois é exatamente a condição de desdobramento
da Unidade que originou todas as coisas existentes, todas as formas possíveis(geometria),
os números e assim possibilidade de contagem.
Existe
uma teoria física que propõe a existência da unidade do universo, e que por
isso, deve haver um código oculto da natureza que seria a ordem e a explicação
de tudo, a teoria final, muitos físicos famosos passaram a vida inteira ou boa
parte dela em busca de desvelar esse mistério, entre eles Kepler, Newton,
Faraday, Einstein, Heisenberg e Schrodinger, certamente eles não chegaram ao
resultado pretendido, mas durante a busca é certo que ele se maravilharam com
as descobertas do Caminho.
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“Eu creio em Deus... que
se revela na harmonia ordenada do Universo. Eu creio que a inteligencia está
manifestada em toda a natureza. A base do trabalho cientifico é a
convicção de que o mundo é uma entidade ordenada e compreensível e não ‘’uma
coisa ao acaso’’”. - Albert Einstein |
A origem do universo e dos números coincidem e se confundem, pois ambos são frutos de
descontinuidades e fragmentações do Um primordial, assim essa unidade pode ser entendida como Deus manifestado,
pois é a fonte de tudo na criação, e dessa forma revela-se o entendimento de que,
materialmente, os números podem ser entendidos como uma multiplicação do Um, mas
por outro lado, metafisicamente, eles são considerados uma divisão do Um, sendo portanto, todas as multiplicidades apenas partes limitadas de um Todo, sendo derivadas do Um primordial elas são
apenas desdobramentos, fragmentações, e isso explica porque muitas doutrinas
afirmam que o Todo está contido no Um, assim como o Um está contido no Todo.
O movimento da unidade à multiplicidade revela o dinamismo de todo processo de criação e desenvolvimento, partindo
de uma unidade simples as células se dividem e formam organismos complexos, assim como também a menor das sementes
germina para se tornar uma grande árvore, isso se aplica a tudo mais que se
movimenta e está em mutação, ou seja, tudo no Universo, desde seu corpo até as
estrelas das galáxias mais distantes. O movimento gera dimensões novas, assim
como os números brotam da Unidade como uma cadeia viva, dinâmica e mutável.
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‘’Tudo existe exclusivamente pelo movimento e pelo número; o movimento é, de qualquer forma, o número atuando’’. Balzac
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Sendo que os números são desdobramentos do Um, foi exatamente essa
‘condição de unidade’ que possibilitou a posterior manifestação dos números,
este foi o ‘’momento’’ em que a condição de Uno contínuo, pleno e ilimitado deu
origem a um universo descontinuo, limitado, fracionado e múltiplo, levando em conta isso podemos
admitir que os números não só são elementos presentes no universo, mas fazem
parte da estrutura essencial do próprio Universo, a matriz dele, pois ele é fruto da
descontinuidade e setorização do UM (ou ponto do big-bang), que é a face mais
alta de Deus na Existência.
Do ponto de vista espiritual, a multiplicidade é involução, quanto maior
o número, mais longe da Unidade e assim, portanto...mais materializado e
fragmentado. Daí surge mais clareza a respeito do porquê que os antigos diziam
que a Natureza e seus seres são Deus manifestado de forma fragmentada, e assim como
os antigos orientais ensinavam: a multiplicidade é uma Ilusão da Mente, a
multiplicidade de egos é a causa dos sofrimentos dos homens que pensam serem
separados entre si e do Universo, o caminho para a libertação do mundo material
é a percepção de que tudo é Um, esse é o movimento de reintegração à Consciência
Cósmica, esse duplo movimento de Criação(multiplicidade) e Reintegração(Volta à
Unidade) é a imagem de todos os fenômenos do Universo, é o ritmo de expansão e
contração presente em tudo, é o Big-bang e o Big-crush, é a expiração e a inspiração
de Brahma, é a Queda do espírito e a volta do mesmo à sua origem.
‘’ A creação teve origem na
Perfeição e se direcionou para a imperfeição, originou-se do perfeito e
direcionou-se para o imperfeito. Nasceu do Uno, da unicidade tomou o ruma da
multiplicidade.
Erroneamente acredita-se que o
universo é algo em construção quando na verdade é
algo em destruição, é o
desmoronamento da unicidade, a fragmentação do Uno. Trata-se do Um, da Unidade
Perfeita fragmentando-se, dividindo-se, desunificando-se.’’ – José Laércio do
Egito
*nesse caso usa-se propositalmente a palavra crear ao invés de criar.
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